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Foto do escritorDra. Ligia Coronatto

Você sabe o que é Chemobrain?

O chemobrain, também conhecido como névoa cerebral ou Chemofog, é um quadro comum nas pessoas que realizam quimioterapia contra um câncer. Inicialmente, ele foi pesquisado e identificado em mulheres que tratavam câncer de mama, mas, atualmente, sabe-se que também pode acontecer em pacientes que realizam terapia para combater outros tipos de neoplasia. Os sintomas e sua intensidade variam de caso para caso e há algumas formas de tratá-los ou amenizá-los.



Como a quimioterapia pode afetar o cérebro?

Desde o final dos anos 1980, efeitos colaterais no cérebro como o comprometimento cognitivo associado a quimioterapia vem sendo descritos em publicações científicas, também conhecido como “chemobrain”. Esse comprometimento comumente afeta a memória, atenção e execução do paciente.


O Chemobrain ou névoa cerebral é um efeito colateral frequente?

À medida que terapias de câncer mais novas e agressivas melhoram a sobrevida, as questões relacionadas aos seus efeitos colaterais estão se tornando mais frequentes podendo gerar impacto significativo na qualidade de vida. Estudos mostram que o Chemobrain atinge uma proporção significativa de sobreviventes de câncer.


Quais são os principais sintomas?

Os principais sintomas são muitas vezes sutis e incluem fadiga, confusão mental, lentificação dos pensamentos, esquecimentos, diminuição da atenção, incapacidade de concentração, alteração da capacidade de julgamento, dificuldade de aprendizagem e dificuldade de linguagem.


Quantas pessoas passam por isso?

O chemobrain acomete cerca de 16%-75% de todos os pacientes oncológicos que realizam quimioterapia.


Por que acontece o Chemobrain?

Ainda não sabemos quais agentes citotóxicos são responsáveis, quais características tornam os pacientes vulneráveis e quais mecanismos biológicos estão envolvidos.

Os mecanismos relacionados ao Chemobrain ainda são pouco conhecidos, mas acredita-se que o efeito neurotóxico dos quimioterápicos gere um ambiente inflamatório causando a morte celular.


Quais são os fatores de risco para que o Chemobrain ocorra?

Os fatores de risco incluem:

- O tipo de tratamento: medicação, dose e duração.

- Susceptibilidade genética: alguns pacientes já apresentam uma “tendência” à alterações cognitivas

- Danos inflamatórios que a quimioterapia causa ao organismo

- Fatores hormonais: sabemos o quanto a quimioterapia, pode interferir com o nosso equilíbrio hormonal.


Existem também fatores que aumentam a percepção desses sintomas:

- Fatores psicológicos: principalmente depressão, insônia e ansiedade

- Fatores orgânicos: dor, fadiga (cansaço), anemia, uso de álcool e de medicações variadas

Pode trazer sequelas permanentes? Quanto tempo dura?

Os déficits cognitivos experimentados por alguns indivíduos podem ocorrer durante e até mesmo após a quimioterapia. Os sintomas costumam ser autolimitados ao período da realização da quimioterapia, mas podem durar de 06 meses a um ano após. Existem relatos de duração mais longa em um grupo menor de pacientes, podendo durar até 10 anos.

Há alguma forma de evitar ou prevenir?

Existem algumas medidas que podem ajudar a evitar ou prevenir o Chemobrain, proporcionando uma melhor qualidade de vida, como:

- Praticar atividade física: meditação, yoga, dentre outras

- Ter uma dieta equilibrada (rica em antioxidantes: vegetais frescos)

- Realizar atividades intelectuais: leituras, palavras cruzadas, sudoku, dentre outras

- Acompanhar com psicólogos e uma equipe multidisciplinar

- Criar rotinas, organizando sua agenda diária, anotando coisas ao longo do dia para ajudar o paciente a organizar a própria vida, sem tanto estresse.


Existe tratamento?

O tratamento baseia-se em medidas não medicamentosas como terapia comportamental, atividade física, dieta equilibrada, atividades que estimulam a cognição e aconselhamento.

Até o momento não existe tratamento com uma medicação específica, mas podemos tentar utilizar medicações como antioxidantes, inibidores da monoamina oxidase, fatores de crescimento, agonistas da dopamina, inibidores das colinesterases e agentes anti-inflamatórios para ajudar no controle dos sintomas.



Lembrando que antes de culpar a quimioterapia pelas alterações cognitivas é essencial avaliarmos as medicações que estão sendo usadas, bem como alterações hormonais e deficiência de vitaminas, pois também podem simular quadros semelhantes ao Chemobrain.

Ressalto ainda que outras modalidades do próprio tratamento oncológico também podem influenciar a cognição, incluindo cirurgia, transplante, radioterapia, imunoterapia e terapias alvos.

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